domingo, 2 de outubro de 2011

Sonho Alienígena: O Enigma dos Arcontes

                             Os seres humanos estão numa jornada de percepção,
             que foi momentaneamente interrompida por forças estranhas.
Carlos Castaneda, Magical Passes
Na “alta estranheza” dos materiais Gnósticos, o fator mais estranho de todos é certamente a presença dos Arcontes. Aqui nós confrontamos um enigma de proporções cósmicas. Onde nós situamos estas estranhas entidades no plano evolucionário do Mito Gaia? Devem ser considerados como entidades reais, uma espécie própria, apesar de uma não-terrestre? Qual é a relação deles com Gaia, a inteligência da biosfera? E como os Arcontes por sua vez se relacionam com a humanidade?



Razão-não-ordinária
Os Gnósticos exploraram estas questões de uma maneira sóbria e consistente, mas para seguir seus trilhos nós precisamos primeiro observar um aviso: Não espere que a pesquisa sobre os Arcontes seja racional. Pelo menos não no sentido ordinário de racionalidade. Aristóteles declarou que a marca de uma mente madura é entreter uma idéia sem aceitá-la — sem “comprar”, como dizemos hoje. Eu não estou insistindo que qualquer pessoa compre a teoria dos Arcontes do Gnosticismo. Eu proponho que nós examinemos e experimentemos, isso é tudo. Ceticismo é essencial quando se tratando do enigma dos Arcontes.
Esta pesquisa pede a aplicação de uma faculdade especial que pode ser chamada razão-não-ordinária. O que isto é pode ser ilustrado por uma piada de Woody Allen (do filme Manhattan):
Um homem vai a um psiquiatra em benefício de seu irmão que sofre a aflição de acreditar que ele é uma galinha, e se comportando de acordo. “É terrível de ver, Doutor. A maneira que ele vai por aí cacarejando e ciscando. A família está passando por um inferno com isto. O que você pode fazer? Pode a psiquiatria ajudar meu irmão?” O doutor responde que certamente pode. “Mesmo em ilusões avançadas como esta, a terapia pode muitas vezes trazer o paciente de volta à realidade,” o doutor o assegura. “Eu estou disposto a trabalhar com seu irmão, fazer o que for preciso. Será uma longa jornada, no entanto.” Supondo que o homem está encorajado, o psiquiatra consulta sua agenda. “Quando você pode trazer seu irmão para a primeira sessão?” ele pergunta. De repente o homem franziu suas sobrancelhas. “Desculpe, Doutor. Eu gostaria, mas eu não posso fazer isso. Eu não posso mesmo. Nós precisamos dos ovos.”
A resposta do homem é inteiramente racional dentro do contexto de sua imaginação. Quando Trekkies (devotos da cultuada série de TV, Star Trek) avidamente discutem personagens e eventos da série, eles estão usando razão-não-ordinária. O fenômeno de cartões colecionáveis Pokeman desencadeou uma explosão de razão-não-ordinária na qual crianças tinham de recitar em rigorosos detalhes os comportamentos e características específicas de mais de cem diferentes entidades. Em MMORPGs da Internet (Massive Multiplayer Online Role-Playing Games) os jogadores assumem identidades ficcionais que devem se comportar de forma consistente, exibindo um tipo de racionalidade virtual. A razão envolvida em tal interpretação de papel é rigorosa, pois os jogadores não podem fazer seus “avatares” fazerem tudo que eles querem. Os avatares devem ter códigos específicos de comportamento. Desenvolver e manter tais códigos envolve razão-não-ordinária.
Efetivamente, razão-não-ordinária é como a razão ordinária, exceto que seu assunto a ser tratado é imaginado em vez de percebido.
Visionários Gnósticos tinham de ser habilidosos em razão-não-ordinária para interpretar as experiências pelas quais passaram em estados de elevada percepção. Nem tudo no cosmos ou na psique humana pode ser reduzido a termos racionais, é claro, e isso em todo caso não é o ponto do raciocínio não ordinário. O ponto é, trazer são e sóbrio entendimento a aspectos da experiência humana que jazem além dos limites da percepção sensual ordinária.
Este artigo trata os Arcontes no contexto do exercício imaginal proposto em Coco De Mer: nossa participação no sonho de Gaia. O que nós aprendemos sobre estas entidades, e nós mesmos em relação com elas, irá envolver razão não-ordinária, mas não será irracionalismo sem sentido. Contemplar os Arcontes não é um exercício em fantasia ou um jogo de faz-de-conta. Longe disso. Se os Gnósticos estavam certos, é primariamente por detectar como os Arcontes trabalham que nós podemos saber como nossas próprias mentes funcionam, e reclamar o soberano poder de inteligência dotado em nós por Sophia.

Visões Fractais

Os Arcontes podem ser considerados descendência de Sophia, mas não no mesmo sentido de uma espécie nascida e sustentada no útero de Gaia, a biosfera terrestre. Na verdade, eles são chamados Arcontes (do Grego archai, “primordial, primeiro, antecedente no tempo”) porque eles surgem no sistema planetário antes da Terra ser formada em um habitat para vida. O Sonho unilateral de Sophia produziu um surto de Poder do centro cósmico, e a Deusa, avançando adiante como uma corrente torrencial, impactou os campos inertes de matéria primordial de uma forma incomum. Textos Gnósticos usam o termo “feto abortado” para descrever os resultados deste impacto...
Um véu existe entre o mundo acima, e os reinos que estão abaixo; e sombra veio a existir sob o véu. Algumas das sombras se tornou matéria, e foi projetada separadamente. E o que Sophia criou se tornou um produto na matéria, como um feto abortado.
(A Hipóstase dos Arcontes, 94: 5 - 15)
Ao ícone Coco de Mer nós podemos agora adicionar uma variação gráfica para sugerir como os Arcontes emergem do Sonho de Sophia, como um vazamento de uma placenta. Como explicado no artigo anterior desta trilogia, o Coco de Mer com detalhamento cósmico representa a “protennoia trimorfica,” o mundo de três-corpos original do Sonho de Sofia. Nosso mundo, a biosfera terrestre junto com o sol e a lua, é a manifestação deste Sonho. Com o surgimento dos Arcontes, outro Sonho entra em jogo fora de nossa ordem mundial tripla. Eu proponho chamar isto o Sonho Alienígena. (Esta escolha de linguagem irá se tornar auto-evidente enquanto procedemos.) Este outro Sonho é um derivado do poder de emanação de Sophia, um derramamento exótico, mas ainda assim não impede nem prende o Sonho original Dela.
 

O Mito de Gaia descreve como o impacto de Aeon Sophia sobre a densidade da matéria atômica produziu uma fratura massiva, como o padrão de estilhaços de uma lagoa de gelo. O padrão tinha um centro onde Sophia é localizada (identificada pelo Mandelbrot Set), e uma extensão de linhas fraturadas como teia de aranha que vão em todas as direções (o mar congelado de ondas fractais). O Episódio 9 descreve como Sophia, situada no centro da zona de impacto, vê ao redor Dela algo como um mar de ondas tensas, e navegando as águas, ou na verdade compondo as ondas enquanto parecem navegar, estão formas auto-replicantes que lembram cavalos marinhos. Estes cavalos marinhos são similares às formas que aparecem em alta iteração na equação do Mandelbrot Set. Estas formas correspondem ao tipo anatômico espontaneamente gerado de matéria atômica sem forma pelo impacto de Sophia, um tipo chamado de “corpo de sombra,” haibes em Cóptico.
Uma palavra sobre fractais: Apesar de padrões fractais aparecerem na natureza (em pteridófitas, por exemplo: a disposição das folhas em um caule é repetida na forma de ramificações), as formas similares produzidas por alta iteração não são naturais, estritamente falando. Fractais como aquelas mostradas aqui resultam de alimentar uma fórmula matemática para um computador e fazer a fórmula se reprocessar, várias e várias vezes. No entanto, as formas assim produzidas lembram o famoso ”paisley” visto por muitas pessoas que tomaram LSD nos 1960s. Eu diria, primeiramente, que fractais são consistentemente vistas em estados alterados, e segundo, que os padrões assim vistos podem também representar reais, apesar de sobrenaturais, processos no cosmos em geral.
As formações fractais descritas no Mito de Gaia (Episódios 9 – 10) são verdadeiros fenômenos físicos que ocorrem espontaneamente quando um Aeon (uma corrente de alta porosidade de plasma estelar, livre de massa) é derramado nos densos campos da matéria elementar. Primeiro estes “cavalos marinhos fractais” parecem ser estruturas inanimadas, rígidas e quase cristalinas por natureza, mas pelo próprio fato de Sophia contemplá-los, eles se tornam animados. No segundo estágio do desdobramento descrito em Protennoia Trimorfica, o Aeon Sophia “desce para dar poder a seus membros caídos dando-os espírito ou hálito.” (Nag Hammadi Library in English 1996, p. 511). Então as formas tensas mudam de semi-rígidos cavalos marinhos para formas fetais arredondadas com caudas, mas as caudas, parece, ficam caindo e se convertendo em outros embriões. Por este bizarro processo de geração de auto-repetição, a horda recém nascida dos Arcontes emerge.

O Lorde Arconte
A Hipóstase dos Arcontes descreve um seguinte desenvolvimento que segue a emergência inicial das entidades Arconticas fetais. Na passagem citada aqui, eu aplico alguns conceitos tirados da astronomia moderna para desenvolver uma imagem mais vívida dos eventos presumivelmente observados pelos visionários Gnósticos no cosmos em geral:
Um véu existe entre o mundo acima [no núcleo galáctico], e os reinos que estão abaixo [exterior, nos membros galácticos]; e sombra veio a ser sob o véu. Alguma parte da sombra [massa escura] se tornou matéria [atômica], e foi projetada para fora [parcialmente formada em matrizes elementares, o dema*]. E o que Sophia criou [pelo impacto dela] se tornou um produto na matéria [o dema], [uma forma recém nascida] como um feto abortado. E [uma vez formado] ele tomou uma forma plástica moldada de sombra, e se tornou uma besta arrogante lembrando um leão. Era andrógeno, porque era de [neutra, inorgânica] matéria que derivava. (A Hipóstase dos Arcontes, II, 4, 93:30 ff, com meus comentários entre colchetes.)
Uma leitura minuciosa revela um detalhe crucial: após a formação inicial dos tipos embrionários de Arcontes, uma segunda variante de “corpo sombrio” surge, com distintas características próprias. A Hipóstase dos Arcontes a descreve como “uma besta arrogante lembrando um leão,” mas esta criatura também é descrita (em outro texto cosmológico, o Apócrifo de João 10: 5) como “um corpo serpentino (drakon) com um rosto parecido com leão.” Portanto há dois tipos distintos de Arcontes: um tipo fetal ou embrionário, e um tipo drakônico ou reptiliano.
Em A Hipóstase dos Arcontes (93: 30 – 94:5), um suplicante pergunta para o grande anjo Eleleth, “Me ensine sobre a capacidade dos Arcontes, como eles vieram a ser, e por qual tipo de Genesis, de que material, e quem os criou e produziu sua força.” Os ensinamentos dados em resposta a essa questão foram precisos e detalhados. Duas distintas variações do tipo de Arconte são indicadas, e seus comportamentos também especificados. Outro tratado cosmológico, O Tratado Tripartite, afirma que “as duas ordens [de Arcontes] atacavam uma a outra, lutando por comando por causa das suas maneiras de ser.” (84: 5-15) Devido aos dois distintos estágios de sua geração, os Arcontes são investidos com uma natureza agressiva e divisória, lutando entre sua própria classe. O problema é provisoriamente resolvido, no entanto, quando o tipo reptiliano assume dominância sobre a massiva horda de recém-nascidos, e, de fato, sobre o inteiro reino do dema afetado pelo mergulho de Sophia:
Abrindo seus olhos, ele [o Arconte drakonico] viu uma vasta quantidade de matéria sem limite [espalhada através dos membros galácticos], e ele se tornou arrogante, dizendo “Sou eu quem é Deus [a única divindade destas regiões], e não há nenhum outro além de mim.” (Hip Arc, 94:20)
Enquanto os Arcontes recém-nascidos estão inertes, suas formas detidas em um estágio prematuro de desenvolvimento, o líder reptiliano é agressivo, territorial, e carregado com poderes demoníacos. Para começar, ele é um formidável mutante:
Ialdabaoth possuía uma multiplicidade de faces mais do que todos eles, para que ele pudesse pôr uma face diante de todos eles, de acordo com seu desejo... Ele compartilhou seu fogo com eles, portanto ele se tornou senhor sobre eles. Por causa do poder de glória que ele possuía da luz de sua mãe, ele chamava a si mesmo de Deus. E ele não obedecia o lugar de onde ele veio. (O Apócrifo de João, 11:35 – 12:10)
A declaração do Arconte chefe de que ele é o único deus no cosmos é, desnecessário dizer, um momento definitivo na cosmologia Gnóstica – se não da evolução humana também. Todos os textos cosmológicos descrevem este evento, com pequenas variações. Os Gnósticos foram insistentes na identificação de Yaldabaoth com Yahweh ou Jehovah, o deus tribal dos Hebreus. Esta deidade não é apenas cega, mas sem sabedoria e insana (Hipóstase dos Arcontes 89: 24-25). Para os Gnósticos insanidade não é tanto uma mente não saudável quanto a conseqüência da falha em corrigir erros mentais. A mentalidade dos Arcontes “não pode ser retificada,” e, o que é pior, “a natureza arcôntica não é capaz de desenvolvimento.” (Gilhus, A Natureza dos Arcontes, p. 40) Devido à maneira de sua geração, Arcontes não possuem ennoia, nenhuma intencionalidade inata. O deles é um Sonhar Alienígena, à parte da biosfera, o inteligente campo de vida de Gaia.
O conceito de um deus que é destituído de força de vontade e também insano é aparentemente único ao Gnosticismo. Desnecessário dizer, quando os Gnósticos expressaram sua visão sobre a identidade de Jehovah para devotos Judeus e para Cristãos que também reverenciavam o Deus Pai Judeu, eles não foram bem recebidos.
O Apócrifo de João adiciona detalhes cruciais para o cenário Arcôntico. Para começar, ele apresenta uma rara instância onde Sophia é na verdade chamada de mãe dos Arcontes. Também diz do chefe Arconte que “ele não obedecia o lugar de onde veio.” Este é um detalhe revelador. O fato de o chefe Arconte mover-se para longe dos lugares de onde surgiu indica uma preocupação chave dos Gnósticos: a tendência violadora de limites dos Arcontes. Desde o início são uma espécie invasiva.
O Arconte drakônico é dito ser cego (Cóptico bille), então ele não vê o nem Pleroma nem Sophia. “Cegueira do mundo espiritual caracteriza os Arcontes.” (Gilhus, p. 17). Ele é chamado Samael e Saklas. Samael é Hebreu e Saklas é Aramaico para “cego.” Entender a cegueira dos Arcontes é crucialmente importante para nossa detecção de como eles podem afetar a humanidade.

Pseudônimo Jehovah

O chefe dos Arcontes também é chamado de Lorde Arconte. A ele também é dado o nome bizarro, Yaldabaoth (pronunciado Yall-DAH-bai-OT). Estudiosos discordam sobre o que este nome pode significar, e como ele foi derivado. Por uma tradução significa “a criança que cruza o espaço.” Por outra, significa “chefe da horda”. (Jarl Egil Fossum, The Name of God and the Angel of the Lord, p. 332-6.) Portanto parece juntar alusões aos dois tipos de Arcontes. No Velho Testamento o título yhwh seba'ot, Yahweh Sebaoth, ocorre 276 vezes como o título do deus pai. (Dictionary of Deities and Demons in the Bible, p. 155) Gershom Scholem, preeminente estudioso da Cabala e misticismo Judaico, explicou Ialdabaoth como “um composto do particípio ativo Aramaico yaled (i.e., ‘engendrar’) e o nome Abaoth, que representa uma forma abreviada do nome Sabaoth. Então, Ialdabaoth significa ‘o pai de Sabaoth’.” (Nathaniel Deutsch, The Gnostic Imagination, p. 55) E há ainda mais meia dúzia de interpretações.
É provável que o nome Ialdabaoth seja simplesmente uma variação de Jehovah, o paternal deus pai dos Hebreus. Gnósticos identificavam Jehovah com o Lorde Arconte e rejeitavam o VT e todo o plano Judaico para salvação como um subterfúgio dos Arcontes. Faz sentido que eles teriam usado o mesmo termo usado pelos Judeus para expor a verdadeira natureza da divindade Judia.
Quando se tratava de conhecimento que eles consideravam crucial para a sobrevivência humana, e para a co-evolução da humanidade com Sophia, os Gnósticos podiam ser confrontadores, e totalmente despreocupados sobre quem eles poderiam ofender. Sua atitude intransigente e às vezes desdenhosa, combinada com a falha em antecipar o elevado grau de violência física que seria acionado pelo seu desafio às crenças Judaico-Cristãs, indubitavelmente abasteceu o cruel fanatismo que destruiu os Mistérios.
 
Um aumento da geração fractal dos Arcontes apresenta uma imagem gráfica que parece encaixar no cenário descrito por visionários Gnósticos. O tipo embrionário, ou Arconte recém nascido, é claramente definido, mas também o é outra entidade: o Arconte reptiliano com sua gananciosa mandíbula e longa cauda espermática. Esta “besta arrogante” parece precipitar-se nas entranhas do tipo embrionário. Bem no ponto onde o Arconte embrionário teria um umbigo nutricional, os reptilianos chegam invasivamente. O Arconte recém nascido continua passivo, aparentemente sugando seu dedo ou dedão!
Algo estranho está acontecendo na parte inferior do corpo do recém-nascido, pois sua cauda de cavalo-marinho está precariamente ligada ao torso. O tipo embrionário continua auto-absorto, mas reage à agressão do outro tipo deixando cair sua cauda, como répteis assustados fazem. Nós nos perguntamos se a cauda deslocada irá formar outro recém-nascido, ou outro reptiliano. A forma reptiliana parece estar fractalmente repetida na estrutura da cauda do tipo embrionário, como se a cauda tivesse quebrado e se tornado uma entidade própria, ao invés de outro embrião.
O elemento de medo figura largamente no comportamento dos Arcontes e seus efeitos na humanidade. No Velho Testamento, medo de Deus é considerado como uma das marcas primárias da experiência religiosa. A possibilidade do medo humano ser um tipo de nutriente para certos extraterrestres invasivos tem sido amplamente discutida no debate ET/OVNI. O Segundo Tratado do Grande Seth diz que a agenda dos Arcontes é “medo e escravidão.” Os Arcontes desejam manter a humanidade sob “a restrição do medo e preocupação.” (NHLE 1990, p. 367) Outras passagens também nos avisam contra o uso dos Arcontes do medo como uma arma psicológica.
Em outro detalhe surpreendente, o tipo reptiliano parece estar segurando uma esfera em suas mandíbulas, lembrando a imagem mítica de uma serpente que oferece fruto proibido: por exemplo, a Serpente no Jardim de Hiperbórea com a maçã dourada em sua boca. O recém-nascido está comendo deste fruto arredondado? Os Gnósticos possuíam sua própria versão sobre o que ocorreu no Jardim do Éden, eventos nos quais os Arcontes estiveram profundamente envolvidos, e então talvez não seja tão surpreendente ver insinuações do cenário do Paraíso neste estágio primário de atividade cósmica.
Toda esta atividade na geração fractal dos Arcontes é imaginal, mas não é imaginária, i.e., não puramente feita em nossas mentes. Recriar o que visionários Gnósticos observaram é um uso sóbrio da imaginação, não um vôo para o faz-de-conta. É necessária razão-não-ordinária para descrever o que está acontecendo aqui, mas o cenário então desenvolvido é inteiramente razoável e coerente em seus próprios termos.

Conflito Fetal

Seja lá de qual forma os visionários Gnósticos dos Mistérios vieram a imaginar a geração dos Arcontes, as fractais de alta iteração ao redor do Mandelbrot Set se encaixam em seu cenário de uma forma impressionante. E elas fazem mais também, pois os embriões e reptilianos fractais também imitam características da gestação humana (ou vice versa). Na concepção humana, o saco embrionário consiste em duas partes: o saco vitelínico (4 na ilustração abaixo), e a massa fetal agregada à ele (1), suspensa no fluido amniótico (2). No momento em que o embrião em desenvolvimento ganha definição anatômica inicial, possui aspecto de peixe (um fato que a ciência médica gosta de usar para nos lembrar de nossas origens pré-humanas). Possui uma cabeça distinta, uma cauda, e uma terceira característica, o umbigo que o conecta ao saco vitelínico através do qual é alimentado. A geração fractal dos Arcontes exibe todas estas características de uma forma clara e precisa.

 

Enquanto o embrião cresce, o saco vitelínico (4) contrai, e há ao mesmo tempo um desenvolvimento secundário. Também conectado ao umbigo está a alantóide (5), uma vesícula que preenche o espaço entre o âmnio (3) e o córion (7), o limite mais externo de todo o saco placentário. Um tipo de tensão morfológica ocorre entre estas estruturas em evolução: para a alantóide crescer, deve contrair ou apertar (reprimir) o saco vitelínico que alimenta o feto em crescimento. A não ser que a alantóide cresça desta maneira, a placenta protetora não pode amadurecer totalmente. Uma tensão similar acontece entre os Arcontes embrionários e os reptilianos. Assim como o desenvolvimento embrionário em humanos é dividido entre crescimento do feto alimentado pelo saco vitelínico, e a repressão do saco vitelínico para produzir a placenta totalmente desenvolvida a partir da membrana alantóide, o poder dos Arcontes é dividido pela natureza de sua geração (“por causa de sua maneira de ser,” citado acima) Este conflito é parcialmente resolvido quando o tipo reptiliano assume dominância sobre a massiva horda de recém-nascidos.
Os Gnósticos certamente sabiam como era um feto abortado. Moralmente opostos à procriação biológica de humanos, era sabido que praticavam controle de natalidade, e deviam ter ajudado outros a fazerem isso. Eles saberiam por observação direta que o feto abortado num estado avançado de gestação não lembra um omelete feito pela metade; ele possui os vestígios da forma anatômica. A escolha desta metáfora bizarra deve ter sido intencional, refletindo a percepção oculta de que anatomia Arcontica imita a forma de humanos recém-nascidos. Tal metáfora é extremamente valiosa, não apenas porque nos permite visualizar o que visionários Gnósticos detectaram por percepção extra-sensorial, mas também porque estabelece laços próximos entre a espécie humana na terra e os pré-terrestres Arcontes.
Para mais sobre esta ligação, veja a passagem de encerramento, “Primos Cósmicos”.

O Poder Serpente

A descrição de uma “serpente com cabeça de leão” para o Ialdabaoth é precisa. Para Gnósticos o leão representava a força cega da procriação (uma associação que provavelmente vem das Escolas de Mistérios Egípcias, para não mencionar a observação da força e barulho de leões acasalando no deserto), então o corpo em forma de esperma dos reptilianos com cabeça de leão é ainda mais apropriado. Este tipo drakônico de Arconte aparece em gemas Gnósticos, não porque os gnósticos adoravam os reptilianos – longe disso – mas porque eles viam a imagem como um antídoto mágico para a influência Arcontica. Bem na forma como uma caveira em um rótulo indica um líquido venenoso, então nos prevenindo de confundi-lo com um líquido que é seguro para beber, a imagem do leão-serpente era representada em amuletos Gnósticos para afugentar intrusões Arconticas.
 
A serpente com cabeça de leão dos Gnósticos é chamada por nomes mágicos como Ophis, Knuphis, e Abrasax. Na anatomia oculta do misticismo asiático e Yoga, este réptil é conhecido como Kundalini, o poder serpente. Gnósticos que praticavam Kundalini yoga eram chamados Ophitas, do Grego ophis, “cobra”. Este culto foi condenado por cristãos primitivos como “adoradores de cobra” pagãos. Para a mente mundana e não iniciada, a serpente Kundalini só pode ser concebida por uma crua forma literal. Para os Gnósticos, a serpente com cabeça de leão coroada com raios solares não era apenas a imagem do Lorde Arconte, mas também da fonte de poder espiritual que permite aos seres humanos resistir àquela entidade.
Experts que não olham fora do Gnosticismo para entendê-lo nunca mencionam Kundalini, mas estudiosos não ortodoxos e esotéricos como G. R. S. Mead, Helena Blavatsky e C. W. King (Gnostics and Their Remains) fazem a conexão rotineiramente, como fazem mitologistas comparativos como Joseph Campbell e Alain Danielou. Em The Inner Reaches of Outer Space, Campbell mostra como a imagem de Kundalini, o “poder serpente,” aparece na arte mundial de Indus Valley cerca de 2300 AC e continua através das culturas antigas, bem até a Era Comum. Até tão tarde quanto no século XVI, táleres dourados na Alemanha (Campbell, Fig. 8) mostrava a Crucificação de um lado e a serpente disposta sobre a cruz do outro. Naquela data tardia, Cristo seria identificado com Kundalini – sem nenhum indício do por que, no entanto – mas para os Gnósticos a cobra na cruz era um cancelamento do poder salvador atribuído à crucificação (i.e., a glorificação do sofrimento como uma força redentora). A excitação de Kundalini produz êxtase, ativa superconsciência, abre as faculdades ocultas, e libera ondas de energia curativa que descarregam secreções fisiológicas e hormonais pelo corpo.
Como a serpente mítica guardando a Árvore do Conhecimento em Genesis, Kundalini era “a mensageira da salvação” para os Gnósticos. Em uma completa reversão da leitura usual da Queda, os Gnósticos consideravam a serpente como um aliado espiritual para a humanidade primitiva, “a primeira tentativa de libertar a humanidade do domínio de um deus inconsciente que havia se identificado com o Absoluto e portanto bloqueado o caminho para a árvore da vida eterna.” (Campbell, p. 78) O “deus inconsciente” que falsamente se identificou com o Absoluto é obviamente Yaldabaoth, também conhecido como Jehovah.
Os Gnósticos ensinavam que nous, a inteligência espiritual dada para a humanidade, poderia ser bloqueada pelos Arcontes. Isto ocorre através da intrusão Arcôntica afetada por um tipo de invasão subliminar a nível de pensamento e linguagem (i.e., sintaxe mental). Mas nous poderia ser reforçado acessando o poder de Kundalini, uma corrente extática que normalmente descansa dormente no corpo humano. Em sua monografia sobre os Arcontes, I. S. Gilhus nota que “a estratégia erótica é o meio mais importante usado pelos pneumáticos para salvar a luz perdida.” (p. 51) Pneumáticos é o termo Gnóstico para humanos que procuram o caminho da iluminação psicossomática, o método chave da religião Gnóstica. Pneuma, “força espiritual,” é desenvolvida pelo cultivo de nous, “inteligência elevada.” Mas os Arcontes apresentam um campo cego de resistência a esse processo: resumindo, eles se apóiam em humanos continuarem ignorantes de seu potencial espiritual inerente.
Quando Kundalini é levantada de seu estado dormente, floresce a inteligência elevada, e há outros efeitos também. Seitas gnósticas como os Ofitas praticavam a elevação comunal de Kundalini para produzir um invólucro protetor contra a intrusão Arcôntica. Efetivamente, eles consideravam Kundalini, a energia sexual-espiritual trancada na estrutura do corpo, como sendo o principal instrumento de defesa contra os Arcontes. O Diálogo do Salvador, NHC III, 5 (85), contém este diálogo:
Judas disse, “Veja, As autoridades (Arcontes) habitam sobre nós, então são eles que irão governar sobre nós.”
O salvador disse, “São vocês que irão governar sobre eles. Mas apenas quando vocês se livrarem do ciúme, e adquirirem a proteção da Luz, e entrar em nymphion (câmara nupcial).”
O salvador-professor é enfático em que tenhamos poder sobre os Arcontes, mas ele também deixa claro que algumas falhas humanas impedem o uso de nosso poder. A palavra Grega phthonos pode ser traduzida como “ciúme” ou “inveja.” Os Gnósticos consideravam inveja a assinatura dos Arcontes, assim como a falha humana chave que nos torna vulneráveis à intrusão deles. “A proteção da Luz” vem através da Kundalini ativada, frequentemente descrita como uma corrente parecida com um raio de luz eletrificada que se espalha pelo corpo. “Nymphion” é uma palavra código para a célula ambiente de proteção psicofísica gerada por altos níveis de Kundalini.
Sir John Woodruffe, o grande transmissor da sabedoria Hindu Tântrica para o Oeste, identificou diretamente a prática de Kundalini yoga (elevar o poder serpente através dos canais da espinha) com os ritos Gnósticos de “adoração da serpente.” (Shakti and Shakta, p. 191 ff.) Estudiosos do Budismo como E. A. Evans-Wentz, J. M. Reynolds, e H. V. Guenther fizeram observações similares, mas a recíproca não foi verdadeira para estudiosos Gnósticos, porque eles não olham além de seu gênero para entender a teoria e prática da Gnosis.
A imagem da serpente-leão é mostrada repetidamente em forma hieroglífica nas paredes do templo de Horus em Edfu, quarenta milhas sul de Nag Hammadi. No culto de Hathor celebrado lá, a serpente-leão representa a “semente divina” dos faraós. A criança real Horus é frequentemente retratada num gesto de chupar o dedo que lembra vivamente a postura dos Arcontes embrionários. Possuíam os sacerdotes Egípcios que direcionaram a reprodução das famílias dinásticas conhecimento íntimo de Kundalini, e também dos Arcontes? A serpente Kundalini é mostrada na arte sagrada Egípcia por uma cobra na vertical, ou um par de cobras, às vezes enroladas num bastão, e pela uraeus, a coroa de cobra do empoderamento divino. A trança cerimonial no lado da cabeça de Horus era ainda outra indicação do poder da serpente. As tranças faraônicas, tradicionalmente usadas no lado direito da cabeça, repetem visualmente a forma das cobras espermáticas de Edfu. A iconografia sagrada carrega explícito, mas altamente oculto conhecimento: Horus é a criança que tem as funções cerebrais do hemisfério direito aumentadas pelo poder da serpente.
A imagem “esotérica” do poder serpente opera em vários níveis ao mesmo tempo. Veremos que o complexo simbolismo biológico do mito Gnóstico tem muito a nos ensinar sobre a natureza dos Arcontes, e também como podemos resistir a eles.

O Estupro de Eva

Ialdabaoth é também chamado de o Arquigerador, “o mestre reprodutor.” (Apoc João II, 12, 25). Gnósticos, para os quais a ética deve ser consistente com a cosmologia, consideravam a procriação biológica, enquanto ato involuntário, como um mecanismo estúpido que torna os humanos acessórios do Arconte chefe. Como Ialdabaoth reproduz seu próprio tipo, e controla a reprodução dos tipos embrionários, e pode até estar envolvido em cruzamento com humanos — são alguns dos mais desconcertantes elementos do mito de Sophia. Vários textos nos CNH descrevem a tentativa dos Arcontes de “estuprar Eva”: i.e., inseminar a espécie humana. Os textos deixam claro, no entanto, que eles não obtêm sucesso em suas metas. A Hipóstase dos Arcontes descreve este episódio:
Então os Arcontes abordaram Adão. E quando eles viram sua contraparte fêmea falando com ele, eles ficaram muito agitados e excitados por ela. Eles disseram uns para os outros, “Vamos deixe-nos semear nossa semente nela,” e eles a buscaram. E ela, a mãe dos vivos, riu deles por sua falta de inteligência e cegueira; e em suas garras ela se tornou uma árvore, e deixou diante deles sua reflexão sombria parecendo com ela. (89: 15-25)
Esta passagem demonstra a sofisticação imaginal da visão Gnóstica. Visionários Gnósticos discerniram as tentativas dos Arcontes de inseminar Eva — para interferir na genética da espécie humana, se preferir — mas eles também observaram que a tentativa foi um fracasso. A metamorfose de Eva numa árvore lembra o mito Grego de Daphne que se transformou em um loureiro. (Este paralelo mostra que a cosmo-mitologia Gnóstica não era um golpe de sorte, mas um sistema de conhecimento visionário profundamente enraizado na mente indígena da Europa pré-Cristã.) Para os Gnósticos, as visões que eles contemplaram em estados alterados eram empiricamente verdadeiras e poderiam ser testadas. Fazendo isso, eles eram capazes de desenvolver compreensões extraordinárias sobre os mundos superhumanos, as atividades dos deuses, a relação da humanidade com espécies alienígenas, e a experiência a longo prazo da espécie humana.
O cenário acima descreve como os Arcontes falham em capturar Eva, mas de alguma forma ainda conseguiram se engajar com sua sombra, uma mera reflexão. Isto implica que apesar dos Arcontes não poderem acessar nossa estrutura genética, eles podem afetar ou distorcer nossas imagens da mulher, do Feminino, e nesse sentido eles podem realmente ter sucesso em perverter Eva. Eles podem distorcer nossa percepção de nossa própria composição genética.
Como frequentemente ocorre, o pensamento Gnóstico sobre a ordem cósmica nos desafia a entender o que está acontecendo em nossas próprias mentes. Há alguma maneira pela qual nós humanos degradamos a imagem da mulher? Por exemplo, impondo sobre a mulher uma noção artificial de identidade, uma falsificação de sua natureza verdadeira? Se for o caso, nós seríamos considerados pelos Gnósticos como acessórios para o estupro de Eva pelos Arcontes. Há evidência no mundo hoje que nós possuímos uma visão distorcida da genética? Se há, esta distorção, e as ações que procedem dela, seriam completamente dignas de serem consideradas como conseqüência do efeito desviante dos Arcontes no comportamento humano. 

Entram os Annunaki

A passagem acima de A Hipóstase dos Arcontes faz lembrar cenários atuais de intervenção alienígena na genética humana. A maior parte das teorias do programa de reprodução dos ETs supõem que tudo que os alienígenas (geralmente, os tipos embrionários Grey são suspeitos) possam escolher fazer, eles podem fazer. Mas visionários Gnósticos que aplicaram razão-não-ordinária em suas observações dos Arcontes chegaram a uma conclusão diferente. Na visão Gnóstica, seria um grande erro supor que os Arcontes estão fazendo coisas que não podem fazer, pois isso daria a eles poder sobre nós. Os Gnósticos ensinavam que o principal perigo que encaramos com os Arcontes está menos no que eles podem realmente fazer do que no que nós falsamente acreditamos que eles podem fazer. Sua carta trunfo é enganação (apaton e plane em Grego), especialmente enganação sobre a natureza e tamanho de seus poderes. “Pois seu deleite é amargo, e sua beleza é depravada. Seu prazer é na enganação.” (O Apócrifo de João Berlin Codex 56, 3-7)
Estranhos como são, certos elementos no mito Gnóstico de nossa espécie podem agora começar a parecerem familiares. O tema de inseminação alienígena da raça humana também ocorre em narrativas arcaicas da Suméria antiga, datando do terceiro milênio AC, e é freqüente no folclore ET/OVNI contemporâneos. Relatos Sumérios descrevem uma espécie alienígena chamada de Annunaki, que são creditados por produzir a espécie humana por engenharia genética, e também por inaugurar a civilização. Estas narrativas são encontradas em tabuletas cuneiformes datando de cerca de 1800 AC, mas elas preservam redações tardias de versões muito mais antigas. Aparentemente, a história sobre a intervenção alienígena é dos mais velhos roteiros de nossa espécie. Muitas pessoas que seguem o debate ET/OVNI estão cientes dos relatos Sumérios dos Annunaki, que são facilmente igualados aos ETs modernos, mas há uma total ausência de referência ao cenário Gnóstico dos Arcontes na controvérsia até agora.
O relato Gnóstico das atividades Arcontes/Annunaki diferem em vários pontos significativos do que é encontrado nos relatos Sumérios. Para começar, os Gnósticos não consideravam os Arcontes como seres superiores que iniciam a civilização. Nem consideravam os Arcontes capazes de acessar o genoma humano (chamado por eles de Anthropos), apesar de terem dado alguma função para a atividade Arcôntica em nossa evolução física.  Este ponto é extremamente difícil de clarificar, no entanto... De longe a mais chamativa diferença entre os relatos Sumérios e Gnósticos é que os primeiros não contêm nem vaga idéia de mito de Sophia e nenhuma explicação para como os Arcontes, ou Annunaki, originaram. Esta é uma lacuna considerável, no mínimo.
Em sua elaborada reinterpretação dos materiais Sumérios, Zecharia Sitchin descreve os Annunaki como uma espécie não-humana altamente avançada que habita o planeta Nibiru, que se encontra fora do sistema solar com um período de 3600 anos. Na versão de Sitchin da pré história, os Annunaki vieram à Terra em busca de ouro para manufaturar uma suspensão coloidal necessária para estabilizar sua atmosfera. (Para um relato completo, veja o último livro de Sitchin, O Livro Perdido de Enki.) Apesar de Sitchin parecer ser um Sumeriólogo legítimo com um profundo entendimento de línguas antigas, nenhum estudioso ortodoxo endossa seu cenário para os Annunaki. Na pior das hipóteses, é descartado como uma fantasia de “astronautas antigos” travestida de estudo sério. Eu sou incapaz de dizer se o relato de Sitchin dos Annunaki em Nibiru é uma representação acurada dos textos cuneiformes ou uma fantasia extrapolada em sua mente.
Significativamente, Sitchin nunca descreve a aparência física dos Annunaki de nenhum tipo. Um dos grandes benefícios do cenário Gnóstico dos Arcontes é que ele dá vívida descrição destas entidades. É uma coincidência que os Arcontes serpentinos e embrionários descritos nos textos gnósticos apresentam uma semelhança idêntica com os dois tipos de ETs mais frequentemente relatados em tempos modernos, os Greys e Reptilianos? Se os Gnósticos entenderam de forma correta esta parte do cenário de intervenção, o que mais eles entenderam corretamente?

Primos Cósmicos

As mesmas manifestações que criaram nossas crenças religiosas,
criaram nossas crenças em OVNIs. Uma visão séria do Fenômeno
iria causar uma revisão da nossa forma de ver a religião.
John Keel, UFO: Operation Trojan Horse

É impressionante encontrar vívidas e detalhadas descrições de alienígenas predatórios em textos obscuros datados do século IV DC, mas as revelações da Gnosis são nada senão impressionantes. Alguns relatos antigos de “visões de OVNIs” existem, mas os materiais Gnósticos sobre os Arcontes não apresentam apenas “relatos”. Explicam sua origem na ordem cósmica, sua natureza (inorgânica, copiadora, sem intencionalidade), sua aparência e táticas, sua atitude para com a humanidade, e mais. Uma mais clara e coerente solução para “o Fenômeno” (o enigma ET/UFO) dificilmente poderia ser imaginada.
A “alta estranheza” do material Gnóstico Arconte apresenta um problema de credibilidade, é claro. Nós somos confrontados com a escolha de acreditar que estes textos representam um relato preciso do que os visionários Gnósticos observaram em estados de realidade não-ordinária — isto é, uma reportagem confiável de pesquisa parapsicológica genuína alcançada por visualização remota, sonho lúcido, observação clarividente, e então cuidadosamente acessada pela razão não-ordinária — ou acreditar que os Gnósticos eram meros fantasistas, místicos iludidos por suas visões, malucos esquisitões de seita, ou pior.
Como, então, podemos determinar se o relato Gnóstico dos Arcontes era delirante ou se apresenta conhecimento confiável de intervenção alienígena?
Em Sources of the Gaia Mythos, eu discuti o conceito indígena de Tempo-sonho, a brincadeira sem tempo da consciência criativa no Eterno Agora, e sua variante, Sonho:
Quando o tempo sonho vem a se expressar em conhecimento e comportamento particulares, os Aborígenes referem-se ao Sonhar da criatura que incorpora aquele conhecimento e exibe aquele comportamento. Por exemplo, o Sonho Canguru é a soma do conhecimento inato e comportamento instintivo de todos os cangurus, indo até os ancestrais do Tempo Sonho. Poderia dizer, em termos biológicos, que é a encenação do genoma da espécie Canguru.
Todas as criaturas, orgânicas e inorgânicas, humanas e não-humanas, vivem e morrem pelos Sonhos que passam através deles. Na visão de mundo Aborígene o dom único dos humanos de criar a cultura vem de nossa capacidade de relembrar e recontar o Sonhar, não apenas de nossa própria espécie, mas de outras também. A crença indígena que o papel da humanidade é relembrar os eventos do Sonhar para todas as criaturas concorda com a sugestão apresentada em Sharing the Gaia Mythos: a espécie humana permite um circuito de memória para Gaia.
Para aplicar estas idéias no problema dos Arcontes, lembremos que nós, a espécie humana, estamos envolvidos de uma forma especial no Sonho de Gaia, que origina da protennoia trimórfica, a intenção primária tripla de Aeon Sophia. Nossos próprios limites são definidos pela trindade terra-lua-sol, e nosso dom da sabedoria se desdobra, dado por Sophia, se desdobra dentro das condições únicas da biosfera, o útero de Gaia. No entanto, há um outro Sonhar que vaza para o Sonhar da Terra, bem como uma mensagem “wireless” que entra em uma conversa em progresso em outra freqüência.
Algo extremamente estranho está acontecendo na Terra devido a uma fissura na mente humana, e esta fissura por sua vez surge de uma anomalia na ordem cósmica:
O sistema mundial que habitamos veio a ser por um erro. (O Evangelho de Filipe, Códices de Nag Hammadi II, 3, 75.1)
A jornada mágica de percepção na qual co-evoluímos com o Sonhar de Gaia é desviada ou distorcida por uma influência alienígena, assim ensinavam os Gnósticos. Neste recôndito ponto eles parecem ter concordado com o xamã Yaqui Don Juan, que disse a Carlos Castaneda, “Os seres humanos estão em uma jornada de percepção, que foi momentaneamente interrompida por forças estranhas.”
Tudo o que aprendemos sobre os Arcontes nos ensina algo crucial sobre nós mesmos.
ET/Arconte Navegador
Jll Nov 2004
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NHLE – Nag Hammadi Library In English
*dense elementary matter arrays – conceito criado pelo autor